quinta-feira, 12 de abril de 2012

A minha ida para a Bloch e a falência






"O Silêncio da minha dor.....esse foi o pior momento!

Depois de tudo que tinha passado na vida,o pior ainda estava por vir.
Os anos dourados que pareciam  nas histórias ou os contos ilustrados por mim  estavam se transformando em um sapo. A crise financeira dos anos 90 já tinha chegado na Manchete,e a casa de todos os funcionários.. a recessão também. Como todos sabem a Editora da Revista Manchete resolveu expandir e criou  a Editora Bloch. E a Editora Bloch,abriu-se para livros,revistas do gênero Hqs. Creio eu,que os quadrinhos nunca deram prejuizo,pois as revistas era feitas das sobras da Revista da Manchete,isso não geraria custos altos.Sendo que no ano de 1990 por aí a fora o sr.  Adolfo Bloch,resolveu investir na televisão,o que traria custos altos,equipamentos caríssimos e contratos fabulosos. O dinheiro de toda rede Manchete, era direcionado para nova empresa Tv-rede Manchete. Isto foi uma das causas do desabamento de  emissora. 


  
Conheci e participei de reuniões com o Adolpho Bloch e pude ver por dentro daquele homem cansado e sombrio existia alguém humano,criador,com alma de artista,e que era muito inteligente!. Um homem mascatero,vendedor de gravatas, que conseguiu ser um vitorioso,chegou a gerar emprego para centenas de pessoas. Ele foi responsavél por famílias,foi provedor de lares.A mim não importava a maneira rude dele ser ou como  se vestia ou a maneira de falar, pois o Polonês é assim mesmo. Sei que no ano de 1974,quando  já estava de volta ao Rio de Janeiro fui procurado por Moisés Weltman,como menciono em alguns textos meus,para fazer parte desta conceituada e respeitada empresa,como não tinha nada em vista, nem as malas havia desfeito,aceitei logo. 

 Moises Weltman, meu amigo

Eu sempre soube  como era difícil a vida de artista,principalmente desenhista de Hqs.Já tinha passado por momentos complicados e não pretendia passar de novo.Ele, o Seu Adolfo, quis me conhecer e me disse ser meu fã. Nem acreditei! 
Estava na Manchete bem uns sete meses,quando minha mulher ficou grávida de nossa filha Daniela.Só que foi muito dificil quando minha filha nasceu. Ela veio ao mundo  de seis meses e contraiu a menigite. Na época hospitais não eram preparados para esse atendimento. Não posso esquecer as mãos de quem me ajudou! Nesse momento,Seu Adolfo mandou hospitais,médicos e todo o tratamento para salvar a vida de minha filha. As vidas pertencem a Deus,mais o dinheiro pode ajudar em muito,pois os gastos foram altíssimos. O país passava por um surto dessa doença.


Sei que quando estamos trabalhando a comida e as contas são pagas,mas quando não estamos produzindo nada,fica terrível . Ás vezes um artista pega um livro para ilustrar com preço ótimo,mais o trabalho de ilustraçaõ pode  levar até  de  2 a 3 meses para ilustrar,aí quando o dinheiro chega,as dívidas já cresceram.É uma bola de neve. Quando a Manchete,começou a dar vale aos empregados,e não pagar os salário,fiquei preocupado,o dinheiro não dava para pagar tudo. No meio a greve, eu me lembro,entrei para trabalhar pois precisava acabar as revistas para gerar recursos para mim e para todos aqueles que ligam para minha casa querendo saber das colaborações.Um dia quando cheguei para trabalhar as portas estavam lacradas,fiquei muito triste. Amava aquele lugar,amava as revistinhas.  Tanto que estava tomando banho quando ouvi no rádio a notícia do fechamento definitivo da  Manchete. Foi um susto enorme! Depois soube através do Google,que empresários entraram na negociação tentando atrapalhar a venda,impedindo centenas de funcionários de sustentar suas famílias. 
O império Bloch foi e sempre será um marco na vida de cada profissional."

Blog Edmundo Rodrigues