quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

A ERA DE OURO DOS QUADRINHOS

O Tico-Tico foi fundamental nas primeiras décadas do nosso século,revelando dezenas de autores nacionais e lançando um vasto número de personagens ínfantis.

 Com a chegada do Suplemento Juvenil,de Adolfo Aizen ,na década de 30,a família do quadrinho brasileiro ganhou mais uma ala : a dos personagens de aventuras,como as criações de Monteiro Filho (o efêmero,exploradores de Atlântida)e outros. 
 ( Foto Adolfo Aizen , na frente da extinta Ebal)

Personagens de Carlos A.Thiré (Raffles,Gavião de Ruff,)além de muitos outros,foram ganhando espaço. 

A década de 40 foi marcada pela guerra que  atrapalhou o mercado editorial,provocando uma crise de papel que levou Aizen a vender suas publicações ao governo,fundando depois em 1945,a editora Brasil America,que começou com personagens americanos,mas logo introduziu um espaço em sua linha editorial para publicações paradidáticas em quadrinhos.
 
As publicações paradidáticas foram para responder aos ataques de pedagogos que viam nos quadrinhos um perigo para a juventude. Aizen começou então a traçar uma linha educativa,tentando reverter a opinião dos pedagogos,de que os quadrinhos fosse considerado um perigo para a juventude. Criava-se então a edição local dos Classics Ilustrated,na sua Edição Maravilhosa,quadrinizando romances de José de Alencar e outros autores,entre eles o taitiano/brasileiro André Leblanc,depois abrindo para um número grande de novos autores e expandidindo as publicações ditas didáticas para os ramos de biografias e ciência ilustrada,além de adptações de romances consagrados.

Mais uma vez o quadrinho brasileiro pegava uma carona nos moldes americanos.O americano sempre teve a vez aqui,os brasileiros sempre desejavam as coisas vinda de lá. Sempre foi assim e ainda é assim! Eles são referências pra tudo e em tudo.Antigamente era o tal Jeans,a moda que veio de lá,desbotado.A musica também foi importada,quando vieram John Lennom,Beatles,Elvis,a influência musical também marcou época. Mais a carona seguinte dos quadrinhos viria da Rádio.

 Alguns personagens locais de sucesso radiofõnico,que não eram estrangeiros e nem precisavam ser traduzidos, foram quadrinizados por nossos artistas,nos fins dos anos 40,e durante toda década de 50(Capitão Atlas,Falcão Negro,Anjo,).Com a publicação dos quadrinhos brasileiros pelas grandes editoras,chega a Ebal,com seus romances ilustrados,que começam a despertar os colecionadores para uma obra literária de tão grande porte.Entra também em grande estilo a Rio Gráfica com suas novelas famosas,seriados diários em capítulos,que deram certo.

  Era uma época em que não tinha ainda televisão,aliás as primeiras que chegavam,vinham dos Estados Unidos. As novelas, Anjo e Jerônimo foram adptadas da novela que passava as 19 horas na Rádio Nacional.O escritor desta novela já é falecido e foi o famoso Jornalista Moisés Weltman,na época um dos diretores do SBT. 
  ( Moisés Weltman, grande amigo)

Weltman estava procurando alguém para criar o personagem,roupas,cidade,características pessoais de cada um personagem.Na época tinham vários jovens desenhistas de calça curta e fizeram uma seleção,coube então a Flávio Collin ,desenhar o Anjo e o artista Edmundo Rodrigues foi selecionado para desenhar o Jerônimo.

 A novela da Rádio Nacional já era um sucesso e não havia outra forma de diversão,se não fosse da Rádio.A criação do Jerônimo foi algo surpreendente. Surgiu então, " Jerônimo,O Heroi do Sertão" ,o primeiro heroí brasileiro que veio lá do sertão. Fez enorme sucesso e quando as revistas chegavam nas bancas em menos de meia hora já inha esgotado toda edição.


 A Rio Gráfica era  do falecido Dr Roberto Marinho,homem rigoroso,mais interessado na pequena fortuna que estava em suas mãos que era o GIbi. " Me lembro que o primeiro número do Jerônimo saiu ás bancas numa tarde,todos esperavam a chegada ansiosos para comprar a revista que estava sendo anunciada pela rádio em todo o Brasil, ele Jerônimo era filho da terra,raízes bem brasileiras! Vendeu em uma só tarde 140.000 exemplares. Me lembro,que fui convidado para ir ás emissoras para falar do Heroí Brasileiro, Jerônimo,O Heroí do Sertão. Foi um sucesso!", lembra Edmundo.